Quando o homem ou o casal decide não ter mais filhos, uma das opções para evitar a gravidez é a vasectomia. Por meio de um procedimento cirúrgico, os gametas masculinos deixam de estar presentes na ejaculação e a concepção não se realiza. Mas e se o arrependimento bater? É possível engravidar após vasectomia? A resposta é sim, existem alternativas de reversão da cirurgia ou técnicas de reprodução assistida, como a fertilização in vitro (FIV). Vamos apresentar cada uma delas neste post e o que é preciso considerar para tomar essa decisão.
Vasectomia: como é o procedimento
A vasectomia é uma cirurgia relativamente simples e rápida. É realizada por meio do corte e da obstrução do canal deferente, no aparelho reprodutor masculino, o que impede a passagem dos espermatozóides produzido nos testículos. Isso faz com que o líquido ejaculado pelo pênis fique livre de gametas, sem interferir no volume ou na consistência do sêmen.
As relações sexuais podem ocorrer normalmente, desde que respeitado o período de recuperação pós-cirúrgica. Para o procedimento, que leva cerca de meia hora, é aplicada uma anestesia local e não há a necessidade de internação.
Vasectomia tem reversão?
Não são raros os homens ou os casais que se interessam em saber sobre a reversão da vasectomia. De acordo com a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), entre 4% e 6% dos pacientes que passam pelo procedimento voltam a querer ter filhos novamente. A razão mais comum é um novo relacionamento em que a parceira ainda não passou por uma gravidez e tem o desejo de gerar uma vida. A boa notícia é que é possível engravidar após a vasectomia.
Para esses casos, existem três opções para engravidar:
- Reversão da vasectomia
- Inseminação artificial
- Fertilização in Vitro
Vamos explicar cada uma delas a seguir.
Reversão da vasectomia
A reversão da vasectomia consiste num novo procedimento cirúrgico, um pouco mais demorado do que o primeiro. Dura entre 3 e 4 horas, por exigir uma precisão absoluta do cirurgião.
Trata-se de uma religação dos canais deferentes, que são extremamente finos – o diâmetro tem décimos de milímetros – e é necessário o uso de um microscópio cirúrgico. A anestesia usada é por bloqueio raquidiano, mas não há a necessidade de internação.
Quanto mais tempo houver entre a realização da vasectomia e sua reversão, menores são as chances de uma nova gravidez. Se for abaixo de 3 anos, a possibilidade de haver espermatozóides no sêmen é de 95%, com taxa de gravidez de 76% (por meios naturais). Entre 3 e 8 anos, as taxas caem para 88% e 53%, respectivamente. De 9 a 14 anos, ficam em 79% e 44%. Com mais de 15 anos, a presença de gametas no esperma cai para 71% e as chances de engravidar ficam em 30%.
Outro fator essencial de observar para decidir sobre a reversão da vasectomia e a gravidez natural é a condição reprodutiva da parceira. É recomendável levar em consideração a idade da mulher e sua reserva ovariana, ou seja, seu potencial reprodutivo, para aumentar as chances de uma gestação saudável e tranquila.
Inseminação artificial
É um tratamento de reprodução assistida que envolve a coleta de espermatozóides e introdução desses gametas masculinos no útero da mulher. A retirada das células reprodutoras pode ser feita pela técnica PESA (Percutaneous Epididymal Sperm Aspiration), que faz a aspiração dos espermatozóides por meio de uma intervenção percutânea, uma punção testicular minimamente invasiva. É feita a retirada de líquido do epidídimo, estrutura que envolve o testículo e armazena os espermatozóides antes de chegarem ao canal deferente – obstruído pela vasectomia.
A mulher passa por uma estimulação da produção de hormônios, para que sejam gerados até três folículos (onde ficam os óvulos). A inseminação deve ser feita durante a ovulação. Uma vez no útero, os espermatozóides avançam até as tubas uterinas para fecundar os óvulos, dando origem ao embrião.
Fertilização In Vitro
Em relação ao homem, os procedimentos para a fertilização in vitro (FIV) são semelhantes aos da inseminação artificial. A diferença é que a fecundação é feita fora do corpo da mulher. Para isso, a parceira também passa pela estimulação da produção de óvulos, assim como na inseminação artificial, por meio da administração de hormônios injetáveis. Depois, é feita a coleta dos óvulos, realizada por uma punção via transvaginal, com anestesia.
Uma vez coletados o sêmen e os óvulos, esses materiais são levados para o laboratório, onde são preparados para a fertilização. Feito isso, após 3 ou 5 dias, o embrião é inserido no útero da mulher.
É um dos tratamentos para engravidar com mais chances de sucesso, com taxa de gravidez superior a 50% das tentativas, segundo a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU). Em que situações ela é mais indicada:
- Falha de 2 a 3 ciclos de inseminação artificial ou coito programado (com estimulação da produção de óvulos)
- Idade da mulher acima de 35 anos
- Baixa reserva de ovários, que pode ser verificada por meio da contagem de folículos ou por dosagem de FSH após 3 dias do início da menstruação
A FIV é indicada para quem fez vasectomia, pois os espermatozóides não deixam de ser produzidos após a cirurgia. Apesar de não passarem pelo canal deferente, eles ficam armazenados no epidídimo e podem ser coletados para a fecundação do óvulo.
Conclusão
Como você pode ver, é possível engravidar após vasectomia. Mas para que a tentativa seja bem sucedida, é preciso considerar uma série de fatores que envolvem não só as condições físicas do homem, mas também da mulher que vai gerar o bebê.
A realização do sonho de ter filhos passa pela avaliação do casal, que deve ser feita por profissionais especialistas em reprodução humana. Agende uma consulta para saber qual a melhor opção para o seu caso. Quer saber mais sobre o assunto? Leia nossos e-books sobre reprodução humana, nossos artigos no blog e entre em contato com a gente!